O Estudo da Sintaxe
A Importância da Sintaxe
Etimologicamente, sintaxe vem do grego syntaxis e significa ordem, combinação, relação. A SINTAXE é a parte da
gramática que se preocupa com os padrões estruturais dos enunciados e com as
relações recíprocas dos termos nas frases e das frases no discurso. Com todas
as relações que ocorrem no eixo sintagmático (na linha horizontal da sentença).
São as leis sintáticas que promovem, autorizam ou
recusam determinadas construções, elegendo-as como “pertencentes à Língua
Portuguesa” ou como “não pertencentes”. As sequências permitidas na língua,
serão consideradas frases dessa língua: as sequências que não forem permitidas
serão não frases dessa língua.
As Leis Sintáticas de uma língua funcionam como uma
espécie de guardiã da inteligibilidade da superfície linguística de um texto,
pois são o elemento gerador e disciplinador das unidades linguísticas que
compõem suas frases. A sintaxe tem a importância de assegurar a capacidade
comunicativa dos textos.
(1) Acredito que meu time vencerá o jogo e o
torneio.
(2) Vencerá o jogo acredito que torneio meu e o
time.
Observe como percebe-se, facilmente, que a frase
(1) é comum a todo o falante do português, e por sua vez, a frase (2) causa nos
uma estranheza, uma dificuldade de entendimento, de comunicação, sendo portanto
agramatical.
O campo de atuação da sintaxe
Os objetos de estudo da sintaxe englobam todas as
relações que ocorrem no eixo sintagmático. Aqui mostraremos as relações entre
as palavras, gerando os sintagmas, e aquelas que se realizam entre eles,
gerando as orações.
Cabe aqui fazermos uma distinção no que se
convencionou chamar de frase e oração. FRASE é toda unidade linguística, do
ponto de vista da oralidade, dotada de sentido, pode ser uma única palavra,
como em uma interjeição ou em enunciados mais complexos. Pode ou não ter o
verbo como parte constituinte, já a oração é uma frase que contém um verbo na
sua constituição, ou seja, toda oração é uma frase, mas nem toda frase é uma
oração.
Exemplos de frases:
Que calor!/ Quem?/ Olá!/ Hoje vai chover.
Exemplos de orações:
Os alunos atentos estudam as lições.
Os alunos atentos estudam.
Os alunos estudam.
Estudam.
Logo, Oração é uma frase que se presta a uma
análise sintática de seus constituintes, liberta de seu contexto, e que deve
exibir, de maneira clara ou oculta, um núcleo verbal.
Percebe-se que, reduzindo os termos constituintes
da oração, que o único termo indispensável é o verbo, que é o núcleo da oração.
A frases sem verbo subsistem mais em função (ou tão
somente) dos elementos de situação ou extralinguísticos. Somente as frases, que
também constituem orações, podem ser retiradas do contexto e prestar-se a uma
análise sintática de seus constituintes.
Convencionou-se chamar de PERÍODO, por sua vez,
todo enunciado que se comportar como oração, podendo ser simples ou composto,
no caso de apresentar, respectivamente, uma ou mais orações. Cada sentença que
contenha um núcleo verbal é uma oração.
Exemplos:
Período simples: Você vai ao
jogo?
Período composto: Eu vou porque / é final
do campeonato.
Tipos de sintagmas
Para observarmos
como se constroem as frases/orações na língua portuguesa e entender
o que são funções sintáticas ,é necessário antes analisar melhor as estruturas
dos sintagmas.
Sintagma nominal
(SN)
É uma unidade
significativa da oração que sempre terá como núcleo uma palavra de natureza (ou
base) morfológica substantiva , podendo esse núcleo vir circundado por
determinantes e/ou modificadores nominais.
Exemplo :
Este meu anel
Aquele dourado
anel caro demais
Nenhum anel com
gravação dourada
Este meu anel com
gravação dourada
Sintagma adjetival (SA)
Tem como
núcleo um adjetivo que, pode ser constituído apenas por esse
adjetivo ou circundado por outros elementos como advérbios
intensificadores, modificadores adverbiais ou sintagmas preposicionados.
Exemplo :
Estes anéis são
caros demais .
Ela se mostrou
surpreendentemente honesta.
Andar pode ser
favorável à saúde
Sintagma
preposicionado (SP)
Constitui -se de
preposição +sintagma nominal. Esse tipo de sintagma poder articular-se a
um substantivo ,a um adjetivo ou a um verbo.
Exemplo:
Os pássaros de
topetes azuis constroem seus ninhos no Alto das montanhas
Os cidadãos
precisam do auxílio da polícia
Temos dois
sintagmas preposicionados:
De topetes azuis
(que se articula com pássaros )
No Alto das
montanhas (que se articula com o verbo constroem)
Sintagmas autônomos :
Aqueles que se
movimentam sozinhos no eixo sintagmático ,nele ocupando diferentes
posições e constituindo-se ,até mesmo de outros sintagmas internos. Estes
por sua vez,não tendo liberdade de se movimentar além do limite do
sintagma que os contém ,pois estão presos a algum elemento
desse sintagma.
São sintagmas
internos ,por exemplo , de topetes azuis , e das montanhas ,em ambos ,e à
saúde. São internos porque se fixam às palavras anteriores ,dos
constituintes de outros sintagmas ,ou seja,se fixam a pássaros, alto e
favorável.
Sintagma adverbial
É aquele cujo
núcleo é um advérbio, ainda que essa nomenclatura geralmente não seja usada.
Sintagmas com advérbio nuclear podem sozinhos constituir o sintagma (cedo
;lentamente) ou vir acompanhado por intensificador (muito cedo) ou modificador
(dolorosamente cedo). Formam-se parecidos com sintagmas adjetivais.
Funções
adverbiais(como modificadores) também são exercidas pelos sintagmas
preposicionados ,uma vez que apresentam as mesmas características
morfossintáticas e,inclusive,semântica de um advérbio.
Exemplo:
A chuva cai cedo
A chuva cai de
manhã
A chuva cai à
mesma hora
Sintagma verbal
É um dos elementos
básicos da oração. Esse tipo de sintagma tem o verbo ou a locução verbal como
núcleo ,podendo constituir-se apenas por esse núcleo ou apresentar
diversas configurações ,quando acompanhado de outros tipos de sintagmas.
Exemplo :
As crianças
adormeceram.
O professor perdeu
as provas dos alunos
Todos podem
precisar de mais de dinheiro
Os amigos enviaram
condolências à família
De todos os
sintagmas descritos apenas o verbal não pode deixar de figurar em um oração
e,no eixo sintagmático vai exercer sempre a mesma função ,a de predicado. Os
demais tipos de sintagma poderão exercer funções diversas, dependendo das
relações que desempenharem entre si e das posições que ocuparem na linha
horizontal.
Estrutura Sintagmática
do português
Ao nos referirmos
à hierarquia gramatical de unidades linguísticas (morfema-sintagma-
frase/oração-texto) podemos observar que os constituintes imediatos das
frases/orações são os sintagmas e não as palavras. Na condição de palavra a
unidade linguística presta-se a uma análise de seus constituintes estruturais,
de uma maneira vertical. Essa mesma palavra ganha status de sintagma quando se
relaciona no eixo horizontal combinando-se com outras palavras ou com outros
sintagmas.
Em sentido amplo,
todo sintagma é a construção que resulta da articulação de pelo menos duas
unidades linguísticas, em qualquer nível de análise e segue o pioneirismo
linguístico de Saussure, para quem é uma combinação de formas mínimas em
unidade linguisticamente superior.
Então, considera-se
SINTAGMA toda construção sintática que constitue um
"bloco" significativo ou funcional que pode mover-se no eixo
horizontal. Os sintagmas são formados por núcleos significativos ou por
palavras circundantes (determinantes e/ou modificadores/intensificadores). São
essas unidades ou grupos que contraem entre si diferentes posicionamentos
sintagmáticos e dessa forma desempenham as chamadas funções sintagmáticas.
O falante não
pronuncia um enunciado sílaba por sílaba, ou palavra por palavra, seja falando
ou escrevendo. Isto ocorre por que o falante sabe que os constituintes da
oração são os sintagmas.
Exemplo:
Aqueles
passarinhos+fizeram seus ninhos em um galho de árvore.
ou
Aqueles
passarinhos fizeram+seus ninhos+em um galho de árvore.
ou
Aqueles passarinhos+fizeram+seus
ninhos+ em um galho de árvore.
Os sintagmas
organizam-se em torno de um elemento fundamental, ao qual chamamos de núcleo e
é esse núcleo que forma diferentes tipos de sintagma para analise sintática.
Como trabalhar sintaxe
em sala de aula?
Primeiramente é muito importante pensar que para
estudarmos sintaxe precisamos saber o
que é substantivo, advérbio, adjetivo, verbo, preposição, elementos esses que
se transformam em: sujeito, adjunto adverbial, predicativo do sujeito,
predicado, objeto indireto.
O estudo da sintaxe é bem complexo, pois existe uma
serie de regras que devemos nos atentar para que possamos chegar a uma boa
estrutura, mesmo o falante tendo as nomenclaturas e o uso de regras das
unidades gramaticais, esse falante ele sabe utilizar intuitivamente e
implicitamente a gramática da língua. É possível conscientizar nossos
alunos quanto à necessidade de adequação a essas regras, quebrando paradigmas,
vencendo barreiras, suprimindo dificuldades.
O estudo da sintaxe pode ser feito de varias
formas, tanto por um poema quanto por orações curtas.
Logo abaixo alguns exemplos de exercícios que podem
ser trabalhados em sala de aula.
1- Retire do trecho o que for pedido.
Acha-se ali, entristecida, ao piano, uma bela e
nobre figura de moça.
As linhas do perfil desenham-se distintamente
contra a luz pálida do alvorecer.
a) Os sintagmas nominais.
Resposta: Uma bela e nobre figura de moça; as
linhas do perfil.
Os sintagmas nominais tem como núcleos os
substantivos FIGURA e LINHAS. Esses dois sintagmas nominais poderiam ser
trocados, respectivamente pelos pronomes ela e elas.
2- Em qual das frases a seguir ocorre um defeito de
ambiguidade sintática, isto é, duplo sentido ocasionado por um mau
posicionamento dos sintagmas? Justifique sua resposta.
a) Bandido atropela e mata garoto com carro
roubado.
b) Ele perdeu a linha.
Resposta: O defeito de
natureza sintática ocorre na frase A. O mau posicionamento do
sintagma com carro roubado gera um duplo sentido: era o bandido que estava com
o carro roubado ou era o garoto? Para que um só sentido
prevaleça, uma reorganização do posicionamento dos sintagmas e
uma alteração na estrutura da frase
são necessárias. Poderíamos ter, assim, duas
possibilidades de construção:
Bandido com carro roubado atropela e mata garoto.
Bandido atropela e mata garoto que dirigia carro
roubado.
·
Estudos dos termos da oração – período simples
A
função do sujeito
Iremos ver neste tópico as relações sintáticas que ocorrem nos períodos
simples. Essas relações ocorrem entre os diversos sintagmas que constituem
essas orações, tendo o verbo como centro dessa construção.
As orações em português organizam-se mediante uma disposição dos
sintagmas na cadeia falada que obedece a um determinado padrão de construção:
S(sujeito) + V(verbo) + C(complemento)
Chamada de padrão sintático de construção.
O que pretendemos demostrar é como funcionam esse modelo básico e quais
são as peculiaridades morfossintáticas dos verbos e dos sintagmas.
Examinemos agora as características as diversas possibilidade de
manifestação do termo oracional S (sujeito da oração).
Propomos um método prático de identificação do sujeito das orações:
todos termos da oração (não preposicionado) que puder ser substituído por um
pronome reto (ele[s], ela[s]) será sujeito.
1- Isolar a oração na qual
pretendemos encontrar o sujeito.
2- Transforme em uma pergunta hipotética utilizando o
pronome reto (ele[s], ela[s]) .
Exemplo: Caíram do varal as roupas estendidas?
Sim, elas caíram do varal.
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S V
C
Esse método é particularmente funcional nos casos de orações construídas
em ordem inversa ao SVC e que apresentem sujeito expresso. O sujeito, quando
explicito na oração, tem de ser necessariamente um sintagma nominal:
- com determinante +núcleo substantivo;
Exemplo: Muito bem à saúde fazem as peras
Ela fazem muito bem
à saúde.
- representado por palavras substantivadas;
Exemplo: Novas esperanças pode trazer o amanhã
Ele pode trazer novas
esperanças
- representado por pronome substantivo;
Exemplo: Poucos viram o acidente
Eles viram o
acidente
- expandido a partir do núcleo substantivo e acompanhado por seus
determinantes e/ou modificadores.
Exemplo: Não existem mais aqueles filmes magníficos de aventura
Eles não existem
mais.
Nem sempre seja possível trocar o termo por um pronome reto, mas se
possa fazê-lo por outo pronome substantivo equivalente, como “isso”.
Veja alguns exemplos em que o sujeito é expresso por pronomes
substantivos, como os indefinidos ou os interrogativos.
Exemplo: Alguém está batendo à
porta?
Sim, ele
(a) está batendo à porta?
Ninguém quebrou este
copo?
Não, ele
(a) não quebrou esse copo?
Observe que nas orações acima o sujeito não é indeterminado. Os pronomes
que representam o sujeito indicam algo indefinido.
O sujeito pode se manifesta de várias maneiras:
- Sujeito simples (SS)
Exemplo: Surgia no horizonte a estrela vésper.
Sim, ela surgia no
horizonte.
- Sujeito composto (SC)
Exemplo: Naquela oportunidade sumiram de casa alguns objetos e lembranças
queridas?
Sim, eles sumiram de casa
naquela oportunidade.
- Sujeito oculto (SO)
Neste caso acrescenta um pronome articulado com o verbo.
Exemplo: Entregaste as flores à aniversariante?
Sim, tu entregaste as flores à aniversariante?
- Sujeito Indeterminado (SI)
Neste caso podem ser acrescentadas ao verbo da oração duas ou três
variações de um pronome reto de 3ª pessoa do plural ou do singular.
Exemplo: Contaram-me uma serie de mentiras?
Sim, (eles,
elas, vocês) contaram-me serie de mentiras?
Não se pode esquecer os casos de voz passiva sintética.
- Primeiro passasse para voz passiva analítica
- Depois procede com a substituição pelo pronome.
Exemplo: Ouviram-se gritos pavorosos durante a madrugada? (Voz passiva
sintética)
Sim, gritos
pavorosos eram ouvidos durante a madrugada. (voz passiva analítica)
Sim, eles eram ouvidos
durante a madrugada.
Sujeito = gritos pavorosos.
- Sujeito Sem sujeito
No tipo de sujeito a posição S do SVC fica vazia. Mas a oração tem
sentido completo. E não é possível trocar ou acrescentar pronomes.
Exemplo: Hoje fez muito calor em São Paulo?
Sim, hoje fez muito calor em São Paulo
A função do Objeto direto (OD)
Deve-se dar sempre uma resposta completa ,não
omitindo nenhum termo não substituído ;
O pronome oblíquo concorda sempre em gênero e/ou
número com o núcleo do objeto direto;
Objeto direto é termo representado por sintagma nominal autônomo
,apesar de haver casos em que ele pode aparecer excepcionalmente preposicionado
Há, ainda,como medida prática ,a possibilidade de
se apassivar a oração para confirmar se o termo que suspeitamos ser objeto
direto realmente é ,pois o objeto direto é um "sujeito disfarçado". Para a
transformação em voz passiva ,deve-se ler a oração como se fosse às avessas ,acrescentando-se três elementos novos: o
verbo ser ,o particípio passado e a preposição por. Assim:
(1)o rapaz perdeu a caneta na escola/a caneta foi perdida pelo rapaz
(2) As costureiras consertaram minhas roupas/minhas roupas foram
consertadas pelas costureiras
(3)Vão matar aqueles insetos perigosos/aqueles
insetos perigosos vão ser mortos
A função do Objeto indireto(OI)
O principal problema em relação ao objeto indireto
(OI) é poder ser confundido com um adjunto adverbial. Isso
se deve ao fato de que todo OI é sempre representado por um sintagma
preposicionado e o adjunto adverbial também pode ser ,em muitos
enunciados ,quando se articula ao verbo. A primeira diferença é que
OI é um termo obrigatório,pedido pela carga semântica
insuficiente do verbo do adjunto adverbial é ,na maioria das vezes
,um complemento acessório ao verbo
O objeto indireto caracteriza-se também pela
necessidade de a preposição de seu sintagma ser vazia,isto é ,deve
constituir apenas um elo sintático e não significar algo (como ocorre com
as preposições sobre /sob/contra). Por isso as preposições costumeiras do OI
são (em ,a,para,de,com ,por ),e sua combinações e contrações possíveis (no
,neste,à,ao do,dessa, pelo,pelas etc.).
Ainda em relação ao OI ,há a possibilidade de ele poder ser substituído por um
pronome oblíquo lhe(s),quando devido por preposição a ,embora esse fato tenha
alguns impedimentos reportados a regências especiais (como o verbo assistir
a,por exemplo ):
Respondi ao mestre que o seguiria. ( =respondi-lhe que o seguiria)
Dei instruções ás
novas funcionárias. (=Dei-lhes instruções)
Vou repassar o dinheiro a ele. (=Vou repassar-lhe o dinheiro)
Exemplo de orações com OI sem ser
representado por sintagma preposicionado(PREP+SN):
Não concordamos com tudo
Todo meu futuro depende do seu sim
Você deve
adaptar-se aos novos tempos
Lutem pelos seus direitos
Livrei-o de cometer uma injustiça. (=livrei-o
disso)
Não me lembro de que você mentira.(=não me lembro disso)
Podemos considerar predicativo do sujeito (PS)
complemento obrigatório de verbos de ligação e complemento acidental quando
acompanhar outros tipos de verbos .Isso significa que todo verbo de ligação
,para assim ser considerado ,deve necessariamente acompanhar-se de um PS (no
caso,um complemento obrigatório), mas um PS pode acompanhar qualquer tipo de
verbo,na condição de mero coadjuvante do sentido desse verbo :
Exemplos:
As crianças pareciam cansadas (S+VL+PS)
As crianças sorriam assustadas (S+VI+PS)
O pai,carinhoso ,consolava o filho. (S+PS+VTD+OD)
Aflito,o suspeito concordava com os policiais (PS+S+VTI+OI)
A menina oferecia , sorridente,flores à mãe
(S+VTDI+PS+OD+OI)
Observação:
O predicativo do sujeito não acrescenta nada ao
sentido do verbo (nem mesmo ao verbo de ligação, uma vez que este é semanticamente
vazio),mas ao sujeito da oração
O PS é sempre um sintagma autônomo
Tem natureza adjetiva
O predicativo do objeto (PO) é termo
sintático que tem as mesmas características morfossintáticas do PS:ter natureza
adjetiva e constituir-se num sintagma autônomo. Porém ,o PO,em vez de
articular-se ao núcleo substantivo de um sujeito ,acrescenta uma informação de
natureza adjetiva ao núcleo substantivo de um objeto direto. Apenas
determinados tipos de verbos têm uma predicação que exige um PO,tanto que esses
verbos são chamados de "transobjetivos":
Eleger, encontrar,julgar,nomear, considerar,proclamar,achar.
Para localizar um PO usa-se o método perguntas e
respostas. constitui termo sintático autônomo,não fazendo parte do objeto .
Exemplo:
O povo elegeu o dentista deputado?
Sim,o povo elegeu-o deputado
Encontraram a menina muito cansada?
Sim,encontraram-na muito cansada
Considero Pedro meu melhor amigo?
Sim,considero-o meu melhor amigo
A cidade acha o prefeito um incompetente?
Sim,a cidade acha-o um incompetente
Complemento Nominal (CN)
É o termo da oração que completa o sentido incompleto
de um substantivo, adjetivo ou advérbio, todo CN será sempre representada
por um sintagma preposicionado. Por constituir um sintagma interno mas ao
mesmo tempo, ser um termo sintático obrigatório, à semelhança dos complementos
verbais de verbos transitivos, o CN merece ser descrito à parte. Como não é um
sintagma autônomo, poderá integrar outro sintagma que esteja sintaticamente
funcionando como sujeito, predicativo, objeto direto e indireto, agente da
passiva, adjunto adverbial, aposto e vocativo, ou seja, qualquer sintagma que
apresente em sua constituição um elemento de base substantiva, adjetiva
ou adverbial.
A dificuldade de se identificar um CN surge quando
ele passa a ser um termo complementar de um substantivo, que ocorre por
ser possível de confundi-lo com o adjunto adverbial preposicionado, o
qual também se prende a um núcleo substantivo e que também serve para expandir
o núcleo substantivo de um sintagma.
Transitividade do verbo
VERBO
SIGNIFICATIVO:
Detém toda sua carga semântica representativa “do mundo em nossa volta”
e, diferentemente dos copulativos – ou não significativos - , não é vazio de
significado.
Para analisar como se comporta a predicação dos verbos significativos,
podemos usar a fórmula: SUJEITO + VERBO, desde que a posição
sujeito não seja vazia.
Sujeito + verbo com sentido completo = VERBO INTRANSITIVO.
VERBO INTRANSITIVO (VI): é o verbo que tem
100% de carga semântica, não havendo a necessidade, portanto, de que esse
sentido receba um complemento obrigatório, geralmente um circunstancial.
O sol
brilhava
(VAZIO).
As flores
murcharam
tristemente.
Bandos de
siris andavam
pela
praia.
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S
V
C
Se o SUJEITO
+ VERBO = SENTIDO INCOMPLETO,
o verbo será TRANSITIVO.
VERBO TRANSITIVO: (VT): é aquele que sempre
tem uma carga semântica que pode parcialmente contida nele mesmo e ser
completada por um ou mais complementos obrigatórios. São eles: verbo transitivo direto
(VTD), que por sua vez recebe o complemento de OBJETO DIRETO:
O guarda-noturno
disparou
um tiro
acidental
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S
VTD artigo = OD
Se o verbo transitivo pedir completo obrigatório regido de PREPOSIÇÃO,
isto é, um sintagma preposicionado, receberá o nome de TRANSITIVO INDIRETO
(VTI) e seu complemento
será um OBJETO
INDIRETO.
Toda criança
precisa
de carinho.
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S
VTI preposição = OI
Finalmente, pode ocorrer que um verbo tenha uma carga semântica a ser
completada por meio de dois complementos (direto e indireto ou vice-versa).
Esse verbo é chamado de VERBO TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO
(VTDI).
O porteiro exigiu
documentos
ao
motorista.
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S
VTDI
OD
OI
Já em relação ao OBJETO INDIRETO (OI), o principal
problema é que ele pode ser confundido com o ADJUNTO ADVERBIAL. Isso deve ao fato de
que todo o objeto indireto é sempre representado por um sintagma preposicionado
e de que o adjunto adverbial, em muitos enunciados em que se articula ao verbo,
também pode ser preposicionado.
1ª diferença: o objeto indireto é obrigatório, pedindo pela carga
semântica insuficiente do próprio verbo, e o adjunto adverbial é, na maioria
das vezes, um complemento acessório ao verbo, ou seja, semanticamente apenas
circunstancial. Ainda em relação ao OI, existe a possibilidade de ele poder
ser substituído por pronome obliquo lhe(s), sendo reportados por regência
especiais (com o verbo assistir a, por exemplo):
Respondi ao mestre que seguiria = Respondi-lhe que o seguiria.
Características
morfossintáticas dos complementos verbais
Os complementos podem ser obrigatórios ou não em
relação ao sentido contextual dos verbos a que se referem.Enquanto os verbos
intransitivos podem deixar-se acompanhar de complementos acidentais ,os
transitivos exigem complementos obrigatórios que lhes integre o sentido.
Assim como há método
para localizar o sujeito oracional ,também o complemento (OD) possui
determinadas características que permitem ser facilmente localizado na
oração. Todo objeto direto ,assim como o sujeito tem natureza morfológica
substantiva ,isto é, pode ser
expresso por meio de um sintagma nominal. porém como contrai ,em relação ao
verbo ,uma função sintática diferente ,ocupando a posição C do padrão SVC ,não
pode ser substituído por um pronome reto (como o sujeito), mas por um pronome
do caso oblíquo
Os pronomes do caso oblíquo
(o,a,os,as,no,na,nos,nas, lo,lá,los,las) devem ocupar a posição do objeto
direto, no mesmo sistema de perguntas
(1) O rapaz perdeu a caneta na escola?
Sim,o rapaz perdeu-a
(2) As costureiras consertaram minhas roupas?
Sim,consertaram-nas
(3) Já vão
matar aqueles insetos perigosos?
Sim,vão matá-los
Observação:
As condições que se devem seguir na localização do
sujeito são igualmente válidas para localizar o objeto direto :
Predicativo
do sujeito (PS)
Como complemento obrigatório de verbo de ligação e como complemento
acidental, quando acompanhar um verbo significativo, deve necessariamente ser
acompanhado por um predicativo do sujeito. Nessas condições o predicativo do
sujeito exercerá uma função sintática obrigatória.
As crianças
pareciam
cansadas.
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S
VL
PS
Contudo, quando um predicativo do sujeito ocorrer em construções em
verbos intransitivos ou transitivos - e isso é perfeitamente possível –
será na condição de mero coadjuvante de sentido:
O pai,
carinhoso consolava
o filho,
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S
PS
VTD
OD
O PREDICATIVO DO SUJEITO não se articula ao sentido do verbo, mas ao
sujeito da oração, em construção que haja verbo de ligação, a força de
expressão significativa estará nos dois sintagmas que funcionam como sujeito e
predicativo do sujeito e, em orações em que os verbos sejam significativos, a
força semântica se estreita no centro sintático representado pelo SV (C),
comparando - se o predicativo do sujeito.
O PREDICATIVO DO SUJEITO é sempre um SINTAGMA AUTONOMO, isto é,
constitui termo sintático que não estará contido em outro sintagma, dentro de
um sujeito ou dentro do objeto direto por exemplo, por articular sempre com o
sujeito, sua natureza é substantiva, tendo uma natureza adjetiva. Sendo
representado por sintagma nominal ou preposicionado.
O temporal aproximava-se terrível. (= sintagma
adjetival)
Adjunto adverbial
O adjunto adverbial (A.ADV) é também
um acessório,que se articula a um verbo ,atribuindo-lhe semanticamente uma
determinada circunstância ,ou a um adjetivo ,intensificando ou modificando-lhe
o sentido ,ou a outro advérbio ,intensificando -lhe o sentido. São sempre
representados por um sintagma adverbial ou por um sintagma preposicionado de
natureza adverbial.
Exemplos:
De súbito percebeu que o amava perdidamente
Muito esperta,sabia deixá-lo naturalmente curioso
Parecia estar perto demais da traição
Há uma longa
lista de classificação dos adjuntos adverbiais, conforme as
circunstâncias que possam indicar em variados contextos. Aqui listamos alguns:
Por que atiraste pedras na janela do vizinho?(de causa)
Cheguei à casa de Pedro exausto. (De lugar)
Não moras com tua família? (De companhia)
Talvez todos vivam para alguém (de dúvida e de
finalidade)
Todas as manhãs ,ela passeava vagarosamente, de
bicicleta. (De tempo,de modo de meio)
Adjunto adnominal (A. ADN):
Tem como grande característica os termos considerados ACESSÓRIOS, o fato de
construir-se como sintagma interno, integrante de outro sintagma. Sempre estará
preso a um núcleo substantivo, nominal ou preposicionado. A oração poderá ter
tantos A. ADN quantos forem os substantivos existentes em seus temos sintáticos
principais ou autônomos. Os A.Adn. são representados por sintagmas
preposicionados internos, por DETETMINANTES e ou/por ADJETIVOS MODIFICADORES
INTERNOS.
Dois pobres garotos
pediram um
pedaço de pão
duro
à boa senhora.
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S
VTDI
OD
Oi
1. Núcleo do sujeito = GAROTOS
2. Adjunto adnominal = DOIS, POBRES
3. Núcleo do objeto direto = PEDAÇO
4. Adjunto adnominal de PEDAÇO
= UM, DE PÃO DURO
5. Substantivo do objeto indireto
= SENHORA
6. Adjunto de senhora = A,
BOA
Como trabalhar análise sintática de
período simples em sala de aula
Período Simples: como já vimos é aquele constituído por
apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Em sala de aula pode-se trabalhar com exercício de reconhecimento
fazendo com que os alunos aprendam a identificar e não apenas decorem as
nomenclaturas.
Vejamos alguns exemplos de exercícios:
1) Indique os sujeitos da oração
a) Mariana precisa de apoio.
b) Alguns homens destroem a natureza.
c) Só pensam em namoro. [suj. indeterminado]
d) O professor e a professora obedecem ao
regulamento.
e) Verifiquei os estragos no telhado. [suj. oculto]
f) As plantas amazônicas necessitam de grande
quantidade de luz.
g) Ventou bastante ontem. [suj. inexistente]
2) Indique os verbos transitivos e os verbos intransitivos.
a) Sua palavras provocaram confusão. [Verbo
transitivo]
b) Um vento forte soprava do Sul. [Verbo
intransitivo]
c) Nenhum aluno faltou. [Verbo intransitivo]
d) O mar invadiu a praia. [Verbo
transitivo]
3) Agora, complete os títulos dos anúncios com
um objeto indireto.
a) Preciso de jardineiro experiente.
Mesmo sem prática, para cuidar de grande área
gramada, muitas plantas e algumas árvores ornamentais.
b) Necessitamos de professores.
Com experiência em escola de ensino fundamental e
médio, para aulas de Português no período matutino.
Análise Sintática de Período Composto
Na língua em uso, nada funciona sozinho, isto é, sempre são necessários
dois ou mais elementos linguísticos para que se efetue uma unidade
significativa ou comunicativa. Assim do morfema ao texto, o que temos é sempre
uma relação de unidades de nível linguístico inferior compondo outra unidade de
nível superior:
morfema = palavra = sintagma = oração (período) = texto
As orações são estruturadas a partir de seus constituintes imediatos - os
sintagmas - formando o que se costuma denominar PERÍODO SIMPLES.
Uma única oração pode constituir um único período - o simples -,
ou um conjunto de orações pode organizar-se entre elas relações de dependências
sintática ou constituindo unidades apenas semanticamente dependentes - o
composto.
Cada verbo pressupõe a existência de uma oração. Portanto, a partir de
dois ou mais verbos, temos um período composto. Este pode ser articulado por
dois processos: a coordenação e a subordinação.
Subordinação = período composto em que uma
sentença/oração é parte de outra (assume função sintática). "Processo de
Encaixamento".
Orações subordinadas substantivas.
Se as ORAÇÕES SUBORDINADAS são assim denominadas porque
exibem uma dependência sintática (além da semântica), isso significa que podem
exercer funções sintáticas peculiares ao tipo de sintagma que estão
representando no período composto. Assim, as orações substantivas equivalem a
um sintagma nominal, as adjetivas a um sintagma adjetival e as adverbiais a um
sintagma adverbial contraindo funções sintáticas autorizadas pela base ou
natureza morfológica desses sintagmas. Vejamos como isso ocorre.
Uma ORAÇÃO SUBSTANTIVA, como o próprio nome indica, tem
uma natureza morfológica substantiva e pode desempenhar as mesmas funções
sintáticas que um sintagma nominal desempenharia, pois preenche os requisitos para
isso Observe:
(287) É pouco provável que os pássaros feridos sobrevivam.
É
pouco provável que os pássaros feridos sobrevivam.
A oração em destaque equivale perfeitamente a um sintagma
nominal, portanto, de natureza morfológica substantiva (núcleo sobrevivência). Usando-se o sistema
prático de análise sintática, temos:
É pouco provável a sobrevivência dos
pássaros feridos?
Sim, ela é pouco provável.
O sintagma nominal funciona sintaticamente como sujeito.
Por isso, no período composto (287), a oração que equivale a esse sintagma
sujeito recebe o nome de SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA.
Todas as outras cinco modalidades de orações subordinadas
substantivas apresentam as mesmas peculiaridades: poderem ser representadas por
um sintagma nominal e exerceram a mesma função sintática que esse sintagma
exerceria num período simples.
De maneira mais prática, pode-se usar um método bastante
conhecido, mas igualmente funcional, para identificar rapidamente o tipo de
oração substantiva que existe em um período. Esse método prega a substituição
da oração que se supõe ser substantiva pelo pronome isso6, analisando-se, a partir daí, a função que o pronome
exerceria no período. Exemplifiquemos:
(288) A criança não percebeu que
a babá sumira.
(=A criança não percebeu isso.)
A criança não percebeu o sumiço
da babá.
(=A criança não o percebeu.)
A oração subordinada em (288) é
SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA.
(289) O pedido foi que a festa
não fosse realizada.
(=O pedido foi isso.)
O pedido foi a não realização da
festa7.
A oração subordinada em (289) é
SUBSTANTIVA PREDICATIVA.
(290) Uma só coisa me aborreceu: que
adiassem a festa.
(= Uma só coisa me aborreceu: isso)
Uma só coisa me aborreceu: o
adiamento da festa8.
A oração subordinada em (290) é
SUBSTANTIVA APOSITIVA.
(291) Todos precisam de que alguém os console.
(= Todos precisam disso.)
Todos precisam do consolo de alguém9.
A oração
subordinada em (291) é SUBSTANTIVA
OBJETIVA INDIRETA.
Uma oração adjetiva será representada por um sintagma adjetival e funcionará sempre como modificador do núcleo de um sintagma nominal.
A professora, muito inteligente, resolvia uma prova difícil.
O sintagma adjetival “muito inteligente” é autônomo e também funciona como predicativo do sujeito, autônomo porque só este sintagma sozinho tem um ‘sentido’. Já o sintagma adjetival difícil, é interno, pois modifica o núcleo do substantivo prova, do objeto direto “uma prova difícil”. E então, funciona como adjunto adnominal.
Vale lembrar que as orações adjetivas são antecedidas por um pronome relativo: que, qual, o qual, a qual, cujo, quanto, onde. E exercem sempre uma função sintática na oração em que estão, pois valem a um termo anterior.
Ex: Perdi a pulseira que tinha comprado na loja nova.
O relativo que da segunda oração substitui a palavra pulseira da oração anterior.
Orações subordinas adverbiais.
Sua relação é com o sintagma de natureza e função adverbial, exatamente como um adjunto adverbial. Sempre indica uma circunstância em relação à oração principal, encerrando sempre uma ideia, uma condição particular, que acompanha um fato.
Ex: Os jogadores ganharam.
Podemos dizer apenas: “Os jogadores ganharam” e colocarmos várias situações (circunstâncias), de maneiras diferentes:
No jogo com esforço
No seus pensamentos como craques
< Os jogadores ganharam >
De felicidade o campeonato
Embora derrotados o apoio
Todos os sintagmas que envolvem a oração central indicam uma situação e funcionam sintaticamente como adjuntos adverbiais de: lugar, causa, concessão, modo, comparação e etc.
Pode-se perceber que o importante não é apenas diferenciar e classificar a oração adverbial, e até mesmo qualquer outra, mas mostrar por meio delas a ideia principal, relevante ou complementar, mas mostrar por meio delas a ideia qualquer que seja ela, a ideia que temos em mente.
Como Trabalhar análise
sintática de período composto em sala de aula
É o período
constituído de duas ou mais orações, sabendo-se que cada oração é,
obrigatoriamente, estruturada em torno de um verbo.
Trabalhando diversos exercícios, comentando-os e
fazendo com que os alunos interajam é uma forma fácil e objetiva para que
aprendam a diferenciá-las e não mais,apenas, decorar nomenclaturas.
Vejamos alguns exemplos de exercícios:
1-Na frase “E quando Larissa se agita, é para
desobedecer ao pai ou à mãe.”, temos como incorreta:
a) Período composto por subordinação, coordenado
pela conjunção e ao anterior.
b) Oração subordinada adverbial temporal: ...
“quando Larissa se agita”.
c) Oração subordinada adverbial final reduzida de
infinitivo : para desobedecer ao pai ou à mãe.
d) Oração principal : é.
e) O período é composto por coordenação
R: Alternativa E
2. Em relação a orações
coordenadas é correto afirmar:
a) Sempre possui uma conjunção ligando uma a outra;
b) Nunca possui conjunções, apenas vírgula
separando uma das outras;
c) Não possui sentido próprio, logo necessita de
outra oração para ter sentido.
d) São orações independentes, tem sentido próprio.
R: Alternativa D
3. Em um período composto por subordinação, a
oração que não possui sujeito na oração principal, dentro das orações
subordinadas substantivas, será classificada como:
a) Oração subordinada substantiva predicativa;
b) Oração subordinada substantiva apositiva;
c) Oração subordinada subjetiva;
d) Oração subordinada objetiva direta.
R: Alternativa C
Bibliografia:
SAUTCHUK, Inez. Prática de
morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. 2.ed. –
Barueri, SP: Manole, 2010.