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segunda-feira, 18 de maio de 2015

APS - Professora Orientadora: Martha Maldonado

ANÁLISE DAS OBRAS DE GIL VICENTE
“A FARSA DE INÊS PEREIRA”
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      “O AUTO DA BARCA DO INFERNO”   

            
Graduando do 3º semestre          Marcos Cássio Goulart      T278082
Graduandos do 2º semestre         Anilton Nunes Cirqueira   C387DE8
                                                                                                    Márcia R. S. G. Fernandes   C362IB7                                                                                                    Marlúcia Oliveira Souza     C33BEI6
                                                                   Priscila Moreira de Souza  C3845J0           



Resumo: A Farsa de Inês Pereira é considerada a peça mais divertida e humanista de Gil Vicente. O aspecto humanístico da obra vê-se pelo fato de que a protagonista trai o marido e não recebe por isso nenhuma punição ou censura, diferentemente de personagens de O Auto da Barca do Inferno, que são castigadas por fatos moralmente parecidos. Inês Pereira é uma típica rapariga, leviana, ociosa, namoradeira, que passa o tempo diante do espelho a se enfeitar, tendo em vista um casamento nobre. Gil Vicente critica as jovens burguesas, as alcoviteiras, os sacerdotes, os judeus simbolizando uma reflexão acerca das mentalidades medieval e pré-renascentista. No Auto da Barca do Inferno percebe-se a preocupação existente com a sociedade portuguesa da época, que vivia de luxos e vícios. O autor enfatiza por meio desse auto que todas as pessoas serão julgadas. Pode-se compreender que Gil Vicente quis propor aos portugueses uma reflexão sobre o modo de vida que estavam levando ou como deveriam se comportar para serem recompensados em seu futuro julgamento finais. Ambas as peças são uma comédia de costumes e ironiza o modo da sociedade portuguesa daquela época e ao mesmo tempo são peças intemporais, pois, as personagens da Farsa de Inês Pereira e da Barca do Inferno podem ser encontradas ainda hoje.


Palavras-chave: comédia, costumes, sociedade. 


INTRODUÇÃO

Este artigo propõe uma análise das peças “A Farsa de Inês Pereira” e “O Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, e compõe o trabalho em grupo da disciplina de atividades práticas supervisionadas sob a orientação da Professora Martha Maldonado.
Gil Vicente nasceu em Guimarães por volta de 1465. É considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta também desempenhou as tarefas de músico, ator e encenador. De uma forma geral foi o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico, já que também escreveu em castelhano.
As peças se enquadram no momento de transição da Idade Média para a Idade Moderna, ou seja, estão ligadas tanto ao medievalismo quanto ao humanismo. Esse conflito faz com que Gil Vicente pense em Deus e ao mesmo tempo exalte o homem livre.
“A Farsa de Inês Pereira” é uma comédia de costumes e ironiza o modo como as moças eram criadas na tradição portuguesa, onde eram limitadas pela mãe, pelos afazeres domésticos e o casamento arranjado. As outras personagens: o falso escudeiro, malandro e covarde; as alcoviteiras, fofoqueiras; os judeus casamenteiros; Pero Marques, a figura do bom homem, honesto porém ingênuo - todos são satirizados, e comicamente apresenta a sociedade portuguesa da época.
“O Auto da Barca do Inferno”, obra apresentada à rainha D. Leonor, em 1517, é a primeira da trilogia das Barcas. Muitas vezes a mesma se aproxima da farsa, e é classificada como auto da moralidade. Chama-se de barca do inferno pelo fato de que a maioria das personagens em cena segue a barca do diabo, é de certa forma um julgamento das almas, em que muitos são levados para o inferno devido aos seus pecados em vida.
O Auto da Barca do Inferno relata a história de pessoas da sociedade portuguesa da época que, após a morte passam a ser julgadas de acordo com a vida na terrena.

O porquê da escolha?
Escolhemos este autor e estas peças por serem lúdicas, interessantes e intemporais, uma vez que, foram escritas e representadas no início do século XVI.
Pode-se dizer que sua obra é de transição entre a Idade Média e o Renascimento, apesar de boa parte ainda ser presa a algumas temáticas medievais, como por exemplo os valores religiosos, o teatro de Gil Vicente também apresenta características do movimento Humanista, principalmente a forte crítica à nobreza, ao clero e à burguesia. Ao buscar inspiração em textos religiosos, Gil Vicente não pretendia difundir a religião nem converter pecadores. Seu objetivo era mostrar como o homem – independente de classe social, sexo, raça ou religião – é egoísta, falso, orgulhoso, mentiroso e frágil quando se trata de satisfazer seus desejos da carne e do dinheiro, e, ainda hoje, podemos transpor as personagens para a nossa sociedade, que mantém os mesmos vícios e comportamentos que apresentavam a sociedade àquela época.

“RIDENDO CASTIGAT MORES”

Ridendo castigat mores” a máxima latina que significa: rindo castigam-se os costumes, foi adotada por Gil Vicente, que fazia de suas peças ocasiões para evidenciar à plateia traços caricatos e criticáveis da sociedade.
Gil Vicente é ao mesmo tempo, o derradeiro medieval e o primeiro dramaturgo moderno. Mas por que razão pretendeu Gil Vicente juntar personagens tão distintas numa só obra? Por uma simples razão: pelo fato de ansiar atingir o fundo da questão, chegar ao íntimo do que o rodeava e do que observava quotidianamente. Então decidiu usar, na sua obra tão singular personagens que, por serem tão diferentes, conseguem caracterizar grupos inteiros, pois, identificam a maioria das características que definem um determinado estereótipo.
A Farsa de Inês Pereira foi representada ao rei D. João, o terceiro do nome em Portugal, no seu Convento de Tomar, ano de 1523. O seu argumento é que porquanto duvidavam certos homens cultos se o Autor fazia de si mesmo estas obras, ou se furtava de outros autores, lhe deram este tema sobre que fizesse: segundo um exemplo comum que dizem: “mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”. E sobre este motivo se fez esta farsa.
As figuras são as seguintes: Inês Pereira; sua Mãe; Lianor Vaz; Pêro Marques; dous Judeus (um chamado Latão, outro Vidal); um Escudeiro com um seu Moço; um Ermitão; Luzia e Fernando.
A FARSA DE INÊS PEREIRA
Inês - Renego deste lavrar
E do primeiro que o usou;
Ó diabo que o eu dou,
Que tão mau é d'aturar.
Oh Jesus! que enfadamento,
E que raiva, e que tormento,
Que cegueira, e que canseira!
Eu hei de buscar maneira
D'algum outro aviamento.
Lianor - Tamanho? Eu to direi:
Vinha agora pereli
Ó redor da minha vinha,
E hum clérigo, mana minha,
Pardeos, lançou mão de mi;
S'era eu fêmea, se macho.
Mãe — Hui! Seria algum muchacho,
Lianor -Inês está concertada
Pera casar com alguém?
Mãe — Até agora com ninguém
Não é ela embaraçada.
Lianor — Eu vos trago um casamento
Em nome do anjo bento.
Filha, não sei se vos praz.
Inês — E quando, Lianor Vaz?
Lianor — Eu vos trago aviamento.
Inês -Porém, não hei de casar
Senão com homem avisado
Ainda que pobre e pelado,
Seja discreto em falar
Lianor - Eu vos trago um bom marido,
Rico, honrado, conhecido.
Inês - Os judeus casamenteiros
E hão-de vir agora aqui.
Inês — Marido, não digo isso.
Pêro — Pois que dizeis vós, mulher?
Inês — Ir folgar onde eu quiser
Pêro - Ide onde quiserdes ir
Com que podeis vós folgar
Qu'eu não deva consentir?
Inês — Passemos primeiro o rio.
Descalçai-vos.
Pêro — E pois como?
Inês — E levar me-eis no ombro,
Põe-se Inês Pereira às costas do marido, e diz:
Inês — Marido, assi me levade.
Pêro — Ides à vossa vontade?
Inês — Como estar no Paraíso!
Pêro — Muito folgo eu com isso.

Durante a peça não existe a presença de um narrador. Há rubricas que orientam o leitor e os atores: tais como “Canta Inês Pereira: {...}” ou “Aqui vem Lianor Vaz: {...}.” Estas rubricas trazem informações sobre o espaço, o tempo e a posição das personagens. As personagens fazem uso do discurso direto, que garante o humor da peça, pois cada personagem fala por si só; a fala de cada um representa sua figura, como a ingenuidade de Pero Marques ou a malandragem de Brás da Mata.
Gil Vicente utiliza a Medida Velha, característica da poesia medieval, que é composta pela redondilha maior – sete sílabas poéticas rimadas.
A Farsa de Inês Pereira constitui-se em três parte, que são as três fases na vida da moça:
Primeira fase: mostra Inês fantasiando um casamento e então sendo apresentada a Pero Marques e representa o cotidiano da mulher quinhentista.
Segunda fase: Mal-mariada - mostra as desgraças do casamento de Inês e o momento que ela descobre que não é o que ela esperava; retrata a realidade do casamento – uma indústria, um comércio.
Terceira fase: Inês quite e desforrada - é quando Inês descobre a vida e que na verdade pode ser casada e ainda assim ter um amante, tirando proveito da ingenuidade do marido.
Gil Vicente constrói a história ao redor da metáfora, da alegoria, em que uma única personagem representa papéis de uma classe social.

AUTO DA BARCA DO INFERNO

O "Auto da Barca do Inferno" (c. 1517) representa o juízo final católico de forma satírica e com forte apelo moral. O cenário é uma espécie de porto, onde se encontram duas barcas: uma com destino ao inferno, comandada pelo diabo, e a outra, com destino ao paraíso, comandada por um anjo. Ambos os comandantes aguardam os mortos, que são as almas que seguirão ao paraíso ou ao inferno.
Os mortos começam a chegar. Um fidalgo é o primeiro. Ele representa a nobreza, e é condenado ao inferno por seus pecados, tirania e luxúria. Um agiota chega a seguir. Ele também é condenado ao inferno por ganância e avareza. O terceiro indivíduo a chegar é o parvo (um tolo, ingênuo). O diabo tenta convencê-lo a entrar na barca do inferno; quando o parvo descobre qual é o destino dela, vai falar com o anjo. A alma seguinte é a de um sapateiro, com todos os seus instrumentos de trabalho. Durante sua vida enganou muitas pessoas, e tenta enganar também o diabo. Como não consegue, recorre ao anjo, que o condena como alguém que roubou do povo. O frade é o quinto a chegar... com sua amante. Chega cantarolando. Foi, porém, condenado ao inferno por falso moralismo religioso. Brísida Vaz, feiticeira e alcoviteira, é recebida pelo diabo, que lhe diz que seu o maior bem são "seiscentos virgos postiços". A seguir, é a vez do judeu, que chega acompanhado por um bode. Encaminha-se direto ao diabo, pedindo para embarcar, mas até o diabo recusa-se a levá-lo. Ele tenta subornar o diabo, porém este, com a desculpa de não transportar bodes, o aconselha a procurar outra barca. O corregedor e o procurador, representantes do judiciário, chegam, a seguir, trazendo livros e processos. Na barca do céu, o anjo os impede de entrar: são condenados à barca do inferno por manipularem a justiça em benefício próprio O próximo a chegar é o enforcado, que acredita ter perdão para seus pecados, pois em vida foi julgado e enforcado. Mas também é condenado a ir ao inferno por corrupção. Por fim, chegam à barca quatro cavaleiros que lutaram e morreram defendendo o cristianismo. Estes são recebidos pelo anjo e perdoados imediatamente.
O primeiro interlocutor é um Fidalgo que chega com um Paje, que lhe leva um rabo mui comprido e üa cadeira de espaldas. E começa o Arrais do Inferno ante que o Fidalgo venha.
DIABO À barca, à barca, houlá!
que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
COMPANHEIRO Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
 e atesa aquele palanco,
 e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.
ONZENEIRO Pera onde caminhais?
DIABO Oh! que má-hora venhais,
 onzeneiro, meu parente!
SAPATEIRO E as ofertas que darão?
 E as horas dos finados?
DIABO E os dinheiros mal levados,
 que foi da satisfação?
FRADE Por minha la tenho eu,
 e sempre a tive de meu,
DIABO Fezestes bem, que é fermosa!
 E não vos punham lá grosa
 no vosso convento santo?
FRADE E eles fazem outro tanto!
DIABO Que cousa tão preciosa...
 Entrai, padre reverendo!
DIABO Ora ponde aqui o pé...
BRÍZIDA Hui! E eu vou pera o Paraíso!
DIABO E quem te dixe a ti isso?
BRÍZIDA Lá hei-de ir desta maré.
ANJO Ó cavaleiros de Deus,
 a vós estou esperando,
 que morrestes pelejando
 por Cristo, Senhor dos Céus!
 Sois livres de todo mal,
 mártires da Santa Igreja,
 que quem morre em tal peleja
 merece paz eternal..

A palavra Auto vem do Latim actu: ação, ato. É um tipo de peça teatral, que teve origem na Idade Média. O "Auto da Barca do Inferno" faz parte de uma trilogia (Autos da Barca "da Glória", "do Inferno" e "do Purgatório"). Escrito em versos de sete sílabas poéticas, possui apenas um ato, dividido em várias cenas. A linguagem entre os personagens é coloquial - e é através das falas que podemos classificar a condição social de cada uma das personagens. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Escrita na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, as duas obras oscilam entre os valores morais de duas épocas: ao mesmo tempo em que há uma severa crítica à sociedade, típica da Idade Moderna, as obras também estão religiosamente voltadas para a figura de Deus, o que é uma característica medieval.
A sátira social é implacável e coloca em prática um lema, que é "rindo, corrigem-se os defeitos da sociedade". As obras têm, portanto, valor educativo muito forte. A sátira vicentina serve para nos mostrar, tocando nas feridas sociais de seu tempo, que havia um mundo melhor, em que todos eram melhores. Mas é um mundo perdido, infelizmente. Ou seja, a mensagem final, por trás dos risos, é um tanto pessimista.
Na obra “A Farsa de Inês Pereira,” a protagonista não sofre nenhuma punição ou qualquer tipo de censura em relação ao ato de sua traição. Ironiza-se a ambição e a conveniência que cercam os casamentos.
Na peça “Auto da Barca do Inferno,” a briga do bem com o mal, fica satirizada pela disputa da condução das almas para o paraíso ou para o inferno. O Diabo utiliza as figuras de linguagem, quase sempre a ironia, para galgar as almas para o inferno, trabalhando dessa forma o prazer que sentia em conduzir tais almas. As personagens mais humildes e submissos à moral religiosa, que pecam sem maldade, conseguem a salvação. Uma sátira social: todos querem o céu, mas poucos merecem o destino.
Ambas as obras são de leitura prazerosa e podem ser transpostas para as questões da sociedade atual, por isso são intemporais, por isso cativa o leitor/espectador. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/farsa-de-ines-pereira.html

http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/farsa-ines-pereira-analise-obra-gil-vicente-700260.shtml
                                         
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/autobarcainferno.htm

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/barca

VICENTE, Gil. Antologia do teatro de Gil Vicente. Introdução e estudo crítico pela Prof.ª Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.


VICENTE, Gil. O auto da barca do inferno. São Paulo: Martim Clarete, 2008. (Coleção Obra Prima De Cada Autor).
BANCO DO BRASIL - ANÁLISE DO DISCURSO 


(PRATICANDO)

A imagem e o texto remetem a uma produção voltada para todos, do bebê ao idoso.
O dito é  todos sem exceção. O não-dito é a não discriminação, a busca pela maior quantidade de clientes.
A Formação Discursiva deixa transparecer na frase “garanta o  futuro do bebê e o seu” que, no país, a aposentadoria oficial não garante o bem estar do idoso e os problemas que o ser humano possa ter durante a  sua vida.
A Formação Ideológica remete  às condições sociais do país, em que os idosos não têm uma aposentadoria digna para garantir um bem estar, se dependerem exclusivamente do Estado (aposentadoria oficial).
A  memória discursiva remete às imagens deploráveis em que vivem os idosos que não fizeram uma poupança durante a vida, às dificuldades que os pais têm quando o filho chega na idade de entrar em uma universidade e não têm uma  boa condição financeira, portanto, a poupança torna-se essencial. É o não-dito que se relaciona com outros dizeres, com os interdiscursos.
Historicamente a propaganda resgata um dos problemas sociais do Brasil – A falta de atenção e de respeito ao idoso, como também, a não garantia de um futuro melhor para as novas gerações.
Consciente ou inconsciente há uma  crítica ao governo, baseada na formação discursiva do sujeito, que através do texto materializa a ideologia discursiva.


Análise da capa da revista Veja

(Os segredos de Valério)



 A) Condições de Produção
A produção do texto teve como origem o escândalo da corrupção no governo petista, que ficou conhecido como “mensalão,” e que, foi amplamente divulgado pela imprensa, quando era presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, “Lula”, como conhecido nacionalmente. Lula, na época, não foi ouvido na CPI criada pelo Congresso, e muito menos teve seu nome envolvido no escândalo. O partido do PT blindou o presidente na época, no desenrolar da história alguns foram punidos e outros foram acobertados e saíram ilesos.

B) Formação Discursiva

A FD da capa da revista “Veja” relaciona a ideologia de que, neste país, apenas os “mequetrefes,” os de pouca importância são condenados, enquanto que os “graúdos” saem impunes. O que caracteriza esta FD é a regularidade com que este tipo de discurso é estampado nas manchetes da mídia. Poderíamos até dizer que, reflete uma “máxima nacional,” já incrustada na memória da nação. É a formação discursiva do já-dito, determinando a formação discursiva do dizer. Aqui vemos a metáfora no sentido de transferência do modo como as palavras significam, no sentido de que “mequetrefe” significa - peixes-miúdos, os sem-poder, o lado mais fraco em uma relação de poder.

C) Formação Ideológica
            A FI se relaciona às posições de classe em conflito no país, neste caso especificamente, entre os que detêm o poder e os que não o têm. “Apenas os mais fracos” vão para a prisão. Isto mostra o posicionamento ideológico estampado na capa da revista, e que está contido no discurso de Valério. No caso o Estado (Lula e o PT) usou dos AIE, para punir o lado mais fraco, apenas para dar uma satisfação à Nação, e por outro lado, usou o “Aparelho de Estado”- polícia, tribunais, prisões, chefe de Estado, o Governo e a Administração para isolar o presidente da República e distorcer a verdade, apresentando o PT, como o partido que investiga e pune a corrupção, ou seja, usa da ideologia contida na memória do PT, como um partido de oposição que sempre esteve denunciando as mazelas governamentais. O não-dito deixa entrever uma outra análise - agora os envolvidos no escândalo da corrupção são do próprio partido, e ainda, agora eles não são a oposição, mas a situação, são os que manipulam o poder. O não-dito da capa deixa transparecer a ideologia petista, de inversão da realidade para proteção do presidente da República.

D) Representação - Memória - História - Psicológica - Assujeitamento
           
            O plano enunciativo da capa da Veja representa o momento presente à época do fato. A foto de Valério e a frase “Os segredos de Valério”, dialogam com o leitor, faz a chamada de forma “espetacular”, no sentido de sensacionalista, convidando o leitor, colocando em evidência a principal personagem do escândalo do mensalão; reaviva a memória do país, despertando a curiosidade e o interesse do interlocutor (leitor) em descobrir os mistérios não revelados e que a revista se propõe a revelar, a dizer o não-dito, o silêncio revelado.
            Usa-se do fator psicológico da curiosidade para despertar o interesse o leitor, através da frase “só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, no entanto, o não-dito deixa transparecer que finalmente irá ser revelado, colocando os pingos nos “is”, que irá “dar nomes aos bois,” ou seja, revelar todo o esquema do mensalão. A própria foto de Valério na capa, não centrada, taciturno, com um olhar de ameaça compõem com o texto a imagem de impacto que atraem o leitor para a revista e consequentemente a desvendar o seu conteúdo.
            Há o assujeitamento da revista ao convocar o leitor numa relação de identidade com o conjunto de valores de uma prática discursiva ideologicamente determinada pelas condições de produção social - no caso - “só os pequenos vão para a cadeia”. Quando Valério diz - “não podem condenar apenas os mequetrefes”, ele ao mesmo tempo se coloca como sujeito e assujeitado, pois, como sujeito ele é o pivô da capa e da reportagem em si, e ao mesmo tempo se assujeita, quando o seu discurso relaciona mequetrefes a todos os mais fracos em uma relação de poder, no qual ele se insere como integrante da parte fraca.

  
E) Heterogeneidade Discursiva - Interdiscurso

            A heterogeneidade discursiva é a memória discursiva que relaciona o dito (intradiscurso), o que Valério diz, com o já-dito, o pré-construído, o que já é sabido historicamente e sociologicamente - “só os mequetrefes são condenados”. O não-dito, que está no interdiscurso é que os grandes, os que têm o  poder, não são condenados.
           




BOMBRIL - ANÁLISE DO DISCURSO

A imagem e texto remetem a uma produção voltada para o gênero feminino, em especial as donas de casa, que assistem televisão, “mulheres comuns”. O dito é somente para mulheres do lar. O não dito é para a mulher que lava, passa, aria as panelas, faz a faxina diária ou semanalmente que pode ser como qualquer diva pop como retrata um ícone brasileiro Ivete Sangalo.
Na imagem as cores são essenciais para atingi-la o seu público alvo, por exemplo, as cores predominantes usadas na imagem são: vermelho, amarelo e azul, tendo outras cores, mas, em escalas menores. Retratando um pouco de cada uma delas, iniciaremos com a cor:
Vermelha
O vermelho é estimulante e induz a ação. Utilizado em liquidações e ações promocionais, buscando atrair compradores compulsivos. Também usado em sinalizações de urgência, para chamar a atenção do usuário e forçá-lo obedecer. O vermelho é aplicado em liquidações e marcas promocionais, placas e sinalizações de urgência e estabelecimentos alimentícios, principalmente os fast-food, por estimular o apetite quando associado ao amarelo.
Amarela
Sua utilização isolada estimula o otimismo, por ser uma cor feliz e acolhedora. É uma boa escolha para chamar a atenção de determinados detalhes ou sinalizar cautela. Ajuda a concentrar a atenção, estimular o intelecto e sugere animação, como representado pela cantora Ivete, sempre feliz, sorridente de alto astral.
Azul
Já os produtos na parte inferior da tela com predominância na cor azul sistematicamente organizado, provoca a sensação de higiene e frescor, mas também estimula a produtividade e transmite sucesso, por isso, a cantora ao centro da imagem. Já o azul escuro é corporativo, mostrando poder e confiança. Uma cor espirituosa que proporciona calma e segurança às pessoas. O azul é utilizado em negócios corporativos por ser produtivo e não invasivo. Cria senso de segurança e promove confiança da marca. Pode ser associado à limpeza e paz, diminui o apetite e estimula produtividade.
A formação discursiva deixa transparecer na frase “ BOMBRIL. Os produtos que brilham como toda mulher”, protagonizada por Ivete Sangalo, busca rejuvenescer a marca e valorizar a imagem da mulher. O mote da campanha é mostrar que a verdadeira diva é a mulher comum. A estratégia é veiculada em canais de TV aberta e por assinatura, marketing digital e trabalho em mídias sociais, para adentrar na casa de seu público alvo.
Na formação ideológica, não existe lã de aço no Brasil, ninguém sabe o que é isso. Para conseguir esse produto, você precisa chegar no mercado e pedir um pacote de BOMBRIL. O nome é simples, criado a partir da mistura das palavras bom brilho, expressão que visa enaltecer as qualidades da própria lã de aço, primeiro produto da empresa.  A campanha publicitária se instalou na vida cotidiana, de uma forma crônica/cômica de costumes que acabou virando, ela mesma um costume.
Desta forma, pretende-se estabelecer o caráter dominante da ideologia e a construção de textos publicitários que tem como objetivo persuadir o consumidor recorrendo a recursos verbais ou não verbais para convencerem seu público alvo. Além disso, deseja-se analisar as condições de produção em que o texto se organizou bem como o interdiscurso que o permeia.
A memória discursiva da marca remete às imagens inseridas desde 1948, sempre acompanhando o crescimento do mercado e atenta às necessidades das mulheres que, estão sempre em transformação. Por muito tempo a BOMBRIL usou o mesmo ator propaganda Carlos Alberto Bonetti Moreno com diversas fraseologias, tais quais, a mais famosa: “Bombril 1001 utilidades”, que permeou por muitos anos. Essa memória vem passando de mãe para filha à anos, o não dito que se relaciona com outros dizeres, intradiscursos.

A propaganda resgata o valor da mulher mesmo estando dentro de casa, que deve ser valorizada pelos fazeres doméstico, que assim como a IVETE SANGALO, deve ser reconhecida, admirada e estar linda. Consciente ou inconsciente há uma critica a instituição familiar, baseada na formação discursiva do sujeito, que através do texto materializa a ideologia discursiva.
http://www.bombril.com.br/