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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Análise da capa da revista Veja

(Os segredos de Valério)



 A) Condições de Produção
A produção do texto teve como origem o escândalo da corrupção no governo petista, que ficou conhecido como “mensalão,” e que, foi amplamente divulgado pela imprensa, quando era presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, “Lula”, como conhecido nacionalmente. Lula, na época, não foi ouvido na CPI criada pelo Congresso, e muito menos teve seu nome envolvido no escândalo. O partido do PT blindou o presidente na época, no desenrolar da história alguns foram punidos e outros foram acobertados e saíram ilesos.

B) Formação Discursiva

A FD da capa da revista “Veja” relaciona a ideologia de que, neste país, apenas os “mequetrefes,” os de pouca importância são condenados, enquanto que os “graúdos” saem impunes. O que caracteriza esta FD é a regularidade com que este tipo de discurso é estampado nas manchetes da mídia. Poderíamos até dizer que, reflete uma “máxima nacional,” já incrustada na memória da nação. É a formação discursiva do já-dito, determinando a formação discursiva do dizer. Aqui vemos a metáfora no sentido de transferência do modo como as palavras significam, no sentido de que “mequetrefe” significa - peixes-miúdos, os sem-poder, o lado mais fraco em uma relação de poder.

C) Formação Ideológica
            A FI se relaciona às posições de classe em conflito no país, neste caso especificamente, entre os que detêm o poder e os que não o têm. “Apenas os mais fracos” vão para a prisão. Isto mostra o posicionamento ideológico estampado na capa da revista, e que está contido no discurso de Valério. No caso o Estado (Lula e o PT) usou dos AIE, para punir o lado mais fraco, apenas para dar uma satisfação à Nação, e por outro lado, usou o “Aparelho de Estado”- polícia, tribunais, prisões, chefe de Estado, o Governo e a Administração para isolar o presidente da República e distorcer a verdade, apresentando o PT, como o partido que investiga e pune a corrupção, ou seja, usa da ideologia contida na memória do PT, como um partido de oposição que sempre esteve denunciando as mazelas governamentais. O não-dito deixa entrever uma outra análise - agora os envolvidos no escândalo da corrupção são do próprio partido, e ainda, agora eles não são a oposição, mas a situação, são os que manipulam o poder. O não-dito da capa deixa transparecer a ideologia petista, de inversão da realidade para proteção do presidente da República.

D) Representação - Memória - História - Psicológica - Assujeitamento
           
            O plano enunciativo da capa da Veja representa o momento presente à época do fato. A foto de Valério e a frase “Os segredos de Valério”, dialogam com o leitor, faz a chamada de forma “espetacular”, no sentido de sensacionalista, convidando o leitor, colocando em evidência a principal personagem do escândalo do mensalão; reaviva a memória do país, despertando a curiosidade e o interesse do interlocutor (leitor) em descobrir os mistérios não revelados e que a revista se propõe a revelar, a dizer o não-dito, o silêncio revelado.
            Usa-se do fator psicológico da curiosidade para despertar o interesse o leitor, através da frase “só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, no entanto, o não-dito deixa transparecer que finalmente irá ser revelado, colocando os pingos nos “is”, que irá “dar nomes aos bois,” ou seja, revelar todo o esquema do mensalão. A própria foto de Valério na capa, não centrada, taciturno, com um olhar de ameaça compõem com o texto a imagem de impacto que atraem o leitor para a revista e consequentemente a desvendar o seu conteúdo.
            Há o assujeitamento da revista ao convocar o leitor numa relação de identidade com o conjunto de valores de uma prática discursiva ideologicamente determinada pelas condições de produção social - no caso - “só os pequenos vão para a cadeia”. Quando Valério diz - “não podem condenar apenas os mequetrefes”, ele ao mesmo tempo se coloca como sujeito e assujeitado, pois, como sujeito ele é o pivô da capa e da reportagem em si, e ao mesmo tempo se assujeita, quando o seu discurso relaciona mequetrefes a todos os mais fracos em uma relação de poder, no qual ele se insere como integrante da parte fraca.

  
E) Heterogeneidade Discursiva - Interdiscurso

            A heterogeneidade discursiva é a memória discursiva que relaciona o dito (intradiscurso), o que Valério diz, com o já-dito, o pré-construído, o que já é sabido historicamente e sociologicamente - “só os mequetrefes são condenados”. O não-dito, que está no interdiscurso é que os grandes, os que têm o  poder, não são condenados.
           

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